sábado, junho 05, 2004

Sistema de cotas, mais uma exclusão


Em resposta ao Deputado Inocêncio Oliveira, na matéria publicada no Diário de PE, no dia 06 de junho de 2004, venho a mostrar minha refutação diante de tal possível sistema de cotas para estudantes de escola pública proposto para ser votado no Senado. Tal sistema só virá a garantir uma nova exclusão social que afetará àqueles pertencentes da classe média, cujas rendas não garantem nenhuma condição de se ter um ensino superior pago. Ou que, caso possuam renda, não terão acesso a um ensino com qualidade equivalente. Fato notado pelo nível da rede de universidades particulares que oferecem grande contraste quando comparadas à rede pública.
É lamentável perceber a conseqüência de uma não longínqua ditadura militar que desmoronou o ensino fundamental e médio público destinando grandes verbas e investimentos à rede particular. E que hoje mostra a sua conseqüência: uma péssima estrutura educacional em que a qualidade só se é dada na rede superior.
O sistema de cotas seria tão falho que além de ferir princípios de igualdade, ou seja, entrar de acordo com a classificação por notas dos exames, iria levar muitos pais a matricularem seus filhos em escolas públicas e por fora pagarem matérias isoladas ou outros cursos que pudessem garantir a vaga na universidade. Vale ressaltar a seguinte informação, segundo dado da UERJ: a nota máxima dos quotistas no vestibular 2004 foi menor que a nota mínima dos não quotistas. Além disso, muitos desses abandonam bem mais matérias.
O que deve ser feito é uma total reforma na educação de base. Oferecer ensino público de boa qualidade para todos. Dessa maneira, todos terão a mesma chance de lutar por uma vaga na universidade. O sistema de cotas seria como quebrar o termômetro para não sentir a febre. Não seria jogando alunos da rede pública para dentro da universidade que o problema do ensino vai ser sanado. Isso deve ser debaixo para cima. O sistema de cotas é totalmente imprudente e excludente. Os pobres exigem ser tratados como iguais e não como discriminados por favorecimentos, que só postergarão os seus problemas. Isso, sem contar, da provável queda de nível nas universidades, visto que se terão pessoas que entraram por cota, ou seja, que não tinham base para o ensino superior gerando mais possíveis problemas para o Brasil.
Pois digo ao Deputado Inocêncio Oliveira que o mesmo tem uma dívida de gratidão com a universidade e esta dívida não se dá em reformas superficiais, mal planejadas e excludentes, mas sim numa reforma que venha a alterar todo ensino de base para que não venhamos a empurrar alunos para as universidades da mesma forma em que se empurra de uma série para outra. Como solução emergencial, que não traria danos à qualidade do ensino superior, poderia se criar um sistema de cursos pré-universitários, público e gratuito. Esse asseguraria aos estudantes mais carentes maiores condições de fazerem face ao vestibular. Portanto, a democracia não mora nas demagogia.